domingo, 3 de junho de 2012

Prática de Meditação de Atenção Plena leva ao aumento da densidade da substância cinzenta em determinadas regiões cerebrais


As intervenções terapêuticas que incorporam exercícios de meditação estão se tornando cada vez mais populares, mas até agora pouco se sabe sobre os mecanismos neurais associadas com estas intervenções. Mindfulness-Based Stress Reduction (MBSR) (que poderíamos traduzir por Redução do Estresse Baseado em Prática de Meditação de Atenção Plena), um dos programas de treinamento em Atenção Plena mais utilizados, tem sido citado por produzir efeitos positivos no bem-estar psicológico e por aliviar sintomas de várias doenças. Aqui, nós relatamos um estudo controlado longitudinal para investigar modificações (anteriores e posteriores ao programa) na substância cinzenta cerebral, atribuíveis à participação em um programa MBSR.
Ressonância magnética cerebral de 16 participantes saudáveis que nunca praticaram meditação até então, foram obtidas antes e após serem submetidos ao programa de MBSR de duração de 8 semanas. Modificações na concentração de substância cinzenta foram investigadas usando morfometria baseada em voxel, e comparados com um grupo controle de lista de espera de 17 indivíduos. Análises em regiões de interesse confirmou aumento na concentração de substância cinzenta no hipocampo esquerdo. Na análise de cérebro inteiro identificaram-se aumentos no córtex cingulado posterior, na junção temporo-parietal, e no cerebelo no grupo MBSR comparados com os controles. Os resultados sugerem que a participação em um programa de MBSR de 8 semanas está associada a alterações na concentração de substância cinzenta em regiões do cérebro envolvidas na aprendizagem e processos de memória, regulação emocional, processamentos auto-referenciais, e tomada de decisões.



Psychiatry Research: Neuroimaging 191 (2011) 36–43  
Britta K. Hölzela,b,., James Carmodyc, Mark Vangela, Christina Congletona, Sita M. Yerramsettia, Tim Garda,b, Sara W. Lazara 
a Massachusetts General Hospital, Harvard Medical School, Boston, MA, USA 
b Bender Institute of Neuroimaging, Justus Liebig Universität Giessen, Germany 
c University of Massachusetts Medical School, Worcester, MA, USA  

domingo, 29 de abril de 2012

Atividade física diminui a chance de desenvolver Demência de Alzheimer


Uma interessante pesquisa foi conduzida no Rush Alzheimer’s Disease Center na Rush University em Chicago. O Dr Aron Buchman e equipe colocaram dispositivos sensores de movimentos nos pulsos de 716 pessoas idosas e registraram sua atividade física continuamente por períodos que variaram de 24 horas a 10 dias. Em seguida, estes idosos foram monitorados durante um período médio de 3 anos e meio.
Constatou-se que os idosos com baixo nível de atividade física desenvolveram Demência de Alzheimer duas vezes mais frequentemente que aqueles que tinham níveis de atividade física mais alta. Um aspecto interessante da metodologia do estudo foi que eles monitoraram a atividade dos idosos em dispositivos atados aos pulsos. A atividade dos pulsos indica atividade física global, cotidiana, como fazer jardinagem, cozinhar, arrumar a casa, e não apenas atividade física relacionada à academia de ginástica.
Um outro estudo mostrou que a atividade física reduziu a deposição de placas amilóides (a alteração mais notável e característica da Demência de Alzheimer) em cérebros de portadores do gene APOEe4. Está bem estabelecido que os portadores desta variação  genética apresentam risco aumentado para desenvolverem Alzheimer.
Estes estudos referendam uma crescente bibliografia científica que suporta a importância da atividade física para a saúde e o bem estar das pessoas em qualquer faixa etária.
Fontes:

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Excesso de Prescrição de Psicoestimulantes

Algum tempo atrás fiquei estupefato com o seguinte acontecido: um jovem fora ao eu consultório para conferir a prescrição que portava; um ortopedista havia lhe prescrito metilfenidato em um pronto-socorro porque ele estava muto agitado - na verdade ele estava com o braço quebrado e inquieto!!! Esta foi absurda, patética, vergonhosa, mas no cotidiano tem havido um evidente excesso de medicalização não apenas de crianças mas também de adultos. Muito diagnóstico errado pelos médicos, mas também, muita demanda de psicoestimulantes por parte de pessoas que querem ficar mais "ligadas", ou "atentas", ou mais "estudiosas".
Veja o post abaixo, publicado no site da AMMG:


Déficit de atenção é diagnosticado em excesso, diz pesquisa
Profissionais tendem a dar início ao tratamento depois de um diagnóstico
puramente intuitivo, deixando de lado critérios reconhecidos pela medicina.

A explosão no número de vendas de metilfenidato (aumento de 80% entre 2004 e 2008) – indicado para tratar o déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) – já dava pistas de que o transtorno estava sendo diagnosticado em excesso. Agora, um levantamento realizado na Alemanha e publicado no Journal of Consulting and Clinical Psychology, apresenta dados que confirmam o que se observava na prática clínica. Segundo o estudo, psicoterapeutas e psiquiatras infantis usam intuição e métodos não comprovados cientificamente para chegar ao diagnóstico do TDAH – e não critérios reconhecidos. O resultado é uma leva de crianças sendo tratadas inutilmente.
Déficit de atenção: 8 sinais aos quais os pais devem ficar atentos
De acordo com o estudo, realizado por uma equipe da Universidade de Bochum (no Vale do Ruhr, na Alemanha) e da Universidade de Basel, mais meninos que meninas são mal diagnosticados. Para o levantamento, foram entrevistados 1.000 profissionais, dos quais 473 foram convidados a diagnosticar e recomendar tratamento para um caso, entre quatro disponíveis. Em três dos quatro casos, os sintomas descritos não correspondiam ao transtorno. O gênero da criança foi ainda incluído em oito casos diferentes. Quando foram comparados casos idênticos, mas com crianças de gêneros distintos, o menino tendia a receber o diagnóstico de transtorno – e a menina não.
Diagnóstico — Durante a avaliação do paciente, psicoterapeutas e psiquiatras infantis tendem a usar métodos de diagnóstico não rigorosos, baseando suas decisões em sintomas vinculados a um modelo pré-definido. No caso, o modelo masculino indica sintomas como inquietação motora, falta de concentração e impulsividade. Isso significa que se uma menina tiver esses sintomas, as chances de ela não ser diagnosticada com TDAH são muito maiores do que as de um garoto. A pesquisa descobriu ainda que o gênero do especialista também é relevante: os profissionais homens dão com mais frequência diagnóstico positivo para o transtorno.
Entre 1989 e 2001, o número de casos positivos nas clínicas alemãs aumentou em 381%. Os custos da medicação para TDAH cresceram nove vezes entre 1993 e 2003 no país. A empresa de convênios médicos alemã Techniker, por exemplo, relata um aumento de 30% nas prescrições de metilfenidato para clientes entre seis e 18 anos.
Considerando essas estatísticas, há uma importante falta de pesquisa sobre o diagnóstico do TDAH. "Apesar do forte interesse público, poucos estudos empíricos tratam desse assunto", diz Silvia Schneider e Katrin Bruchmüller, responsáveis pelo estudo. Enquanto nas décadas de 1970 e 1980 uma "certa ascensão" de estudos sobre a frequência e as razões para os diagnósticos errados foi verificada, as pesquisas atuais dificilmente examinam esse fenômeno.

Artigos relacionados:
• Is ADHD diagnosed in accord with diagnostic criteria? Overdiagnosis and influence of client gender on diagnosis.
J Consult Clin Psychol. 2012 Feb;80(1):128-38. Epub 2011 Dec 26

• The predictive value of DSM-IV criteria in the diagnosis of attention deficit hyperactivity disorder and its cultural differences.
Rev Neurol.2007 Mar 2;44 Suppl 2:S19-22.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Estudo fornece pistas para criação de novos medicamentos contra dependência química

Neurocientistas estão próximos do desenvolvimento de um novo medicamento potencialmente eficaz contra as dependências químicas a partir de recentes estudo sobre o as propriedades do receptor  opióide kappa  (KOR), um membro da família dos receptores de opióides cuja ativação neutraliza os efeitos de recompensa de drogas viciantes. 
Porque o KOR não está associado com o desenvolvimento de dependência física ou o potencial de abuso de drogas opióides como a heroína e morfina, medicamentos que atuam no KOR poderia ter um potencial terapêutico amplo. 
O principal  composto  terapêutico em pesquisa é o JDTic. Os trabalhos mostraram redução do comportamento de recaída em dependência à cocaína em modelos animais. Esta substância já se encontra em fazse de ensaios clínicos para se avaliar a sua segurança e tolerabilidade em seres humanos.
Recentemente, os investigadores do Scripps Research Institute em La Jolla, Califórnia, produziram uma imagem de alta resolução tridimensional d0 JDTic ligado ao receptor KOR humano. A imagem revela novas informações críticas que ajudam a explicar porque JDTic se liga tão forte e especificamente a este específico  receptor  opióide. Estas descobertas foram publicadas online em 21 de março na revista Nature.

http://alert.psychiatricnews.org/2012/03/study-provides-clues-for-designing-new.html